Sobre a pesquisa de vertebrados não-marinhos no Miocénico da Bacia do Tejo

I – Justificação. Características peculiares da Bacia Tejo, em especial na parte vestibular. Alternância de depósitos marinhos e não marinhos.

II –Vertebrados não marinhos, sobretudo mamíferos, e sua importância paleontológica, evolutiva e cronológica, paleoecológica e paleogeográfica. Velocidade de evolução em certos grupos. Macro- e microfaunas. Modificações de espectro faunístico devidas a evolução, movimentos migratórios e alterações ambientais, climáticas em particular. Endemismo e amplitude da distribuição geográfica. Distorções, de carácter científico ou não. Áreas de distribuição versus “Províncias paleontológicas” baseadas em motivações diversas, até políticas e pessoais.

III – Dados antigos (séc. XVIII? – XIX) e sua discussão. Falta de informação acerca de antigas colecções e “gabinetes”. Referência no Relatório de Étienne Geoffroy Saint-Hilaire (), no seguimento da invasão napoleónica de 1807-1808, discutível no seu significado.

IV - Desenvolvimentos (séc. XIX a inícios do séc. XX) relacionados com a génese da Commissão Geológica e com o desenvolvimento de Lisboa, explorações de argilas e areias, construção. Resultados paleontológicos. Intervenções de Carlos Ribeiro (1813-1882) e Jorge Cândido Berkeley Cotter (1845-1919). Solicitações de intervenção a paleontólogos franceses: Albert Gaudry (1827-1908), Charles Depéret (1854-1929) e Frédéric Roman (1871-1943).

V – A “Era dos areeiros” em Lisboa (ca. de 1930 a 1967), e relevante interesse paleontológico, marcada pelas colheitas de António de Sousa Torres (1876-1958; publ. 1935) e depois, no âmbito dos Serviços Geológicos, por Octávio da Veiga Ferreira (1917-1997) e Georges Zbyszewski (1909-1999). Novas intervenções francesas: Frédéric-Marie Bergounioux (1900-1983), tentativas junto de F. Roman, Jean Viret (1894-1970) e Pierre Mein. Distorção das colheitas, com excepcional abundância de restos de mastodontes, escassez de mamíferos de menor corpulência, e falta total de pequenos mamíferos. Impossibilidade prática de concretizar escavações.

VI – Intervenções de Miguel Telles Antunes (em parte contemporâneas da alínea V -). Melhorias do conhecimento estratigráfico e progresso paleontológico com diversas colaborações, com destaque para as de Léonard Ginsburg (1927-2009) e P. Mein. Primeiros (e essenciais) desenvolvimentos no âmbito das microfaunas. Répteis, com relevo para crocodilos e tartarugas gigantes, varanos e serpentes. Pesquisas no Ribatejo e datação fina. Evolução ambiental. Fase neocastelhana. Modificações climáticas, também beneficiadas pelos conhecimentos de meios marinhos. Imigrações afro-asiáticas.

Miguel Telles Antunes