Matemática & Literatura

30 de Janeiro de 2010

Marijke Boucherie (Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa)

Nasceu em 1947, Bélgica, Flandres
Estudou Língua e Literatura Neerlandês, Inglesa e Alemão na Universidade de Louvaina e de Lisboa.
1985, FLUL:  Mestrado em Literatura Inglesa sobre A Book of Nonsense de Edward Lear (1812-1888).
1993, FLUL: Doutoramento em Literatura Inglesa sobre a poetisa Stevie Smith (1902-1971).
Professora Auxiliar de nomeação definitiva da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa  (Departamento de Estudos Anglísticos).
Pensa e publica sobre usos peculiares de linguagem (“a literatura do nonsense”), linguagem como objecto e a ausência/criação de espaço mental.

Manuel Silva (FCT, Universidade Nova de Lisboa)

Licenciado em Matemática Pura (1994) na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. Estudou Filosofia na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Doutorado pela Faculdade de Ciências e
Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa na área de Matemática - especialidade Teoria de Números (2008). Professor Auxiliar no Departamento Matemática da FCT-UNL.

Resumo:

O que acontece quando a linguagem natural é submetida à lógica formal?
Isto sucede por exemplo, nas obras de Lewis Carroll, na linguística formal, em certas patologias de linguagem e na obsessão de muitos autores do século XX pela auto-referência. Convidaremos os presentes a reflectir em conjunto sobre aquilo que tais linguagens nos revelam acerca da comunicação humana dita “normal” e sobre as convenções milenares da literatura. A pergunta é saber até que ponto as linguagens da matemática e da literatura podem dialogar para aumentar o espaço do pensamento e criar novas perspectivas de olhar o mundo.
A linguagem matemática partilha algumas características com a linguagem natural. As diferenças mais evidentes são o domínio de aplicação bastante mais restrito da primeira e sua intolerância pela ambiguidade. Jorge Luis Borges interessou-se pela discussão matemática dos conjuntos infinitos. Samuel Beckett encontrou no conceito de número irracional, aproximação sucessiva e nos próprios paradoxos de Zenão uma metáfora para exprimir a insuficiência ou inadequação da própria linguagem natural.

Borges e Beckett